Eu assim te esqueço, príncipe do que não é. Esqueço teu nome vago que me arrepia e consagra como seu fosse feita do que quiseres. Eu que era tão boa e tão perfeita antes de entrares na minha vida de fulaninha, antes de arrancares os aventais que mamãe me deu. Toda quebrada, ordinária até eu almejo teu fim, desgraçadamente contrária ao que me vai bem no fundo. Hoje não posso te querer do mesmo modo ou além. Hoje eu sou apenas a ambição da perfeição que os outros perderam há tanto tempo. Comecei a julgar que todos os que amam daquele jeito impiedoso que era o meu também, não merecem indulto. Eu não mereço inclusive. E por isso apaguei teu nome da agenda, troquei meu endereço e fiz votos para que os céus te levassem com mais pressa. Mas não morres. E a cada vez que escuto teu nome vivo sei que de mim também vem essa tua força de viver, pois te componho como verbo, pois te contrato como saudade. E se já não sou boa o bastante para todos os outros olhos que me viram sucumbir ao que fomos eu os mal digo. E arranjo mentiras e absurdos sobre o que são. E desconto de suas conquistas as avarezas, as perfídias. Enquanto houver força para eu te amar de tamanha sorte que eu nem respiro se não penso em ti todos os dias, haverei de citar o que mais propende à escuridão nos outros. Pregando que o mal dos outros é o que não tenho. Como uma voz que adora do avesso. Como quem espera estar entregue e sem fim novamente. J.M.N.
Para ler escutando…
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