Querida,
Escrevo para falar da cidade, quem sabe. Faltam-me as ruas em que andei contigo. Mais que os caminhos, a caminhada. A lua em sua raridade nos amando por sobre. Iluminava. Sinto falta de proteções assim – compartilhamentos – das parcerias noturnas quando éramos infinitos. Escrevo para falar de nós dois, mas sem nos querer ou aniquilar.
Escrevo para falar da cidade, quem sabe. Faltam-me as ruas em que andei contigo. Mais que os caminhos, a caminhada. A lua em sua raridade nos amando por sobre. Iluminava. Sinto falta de proteções assim – compartilhamentos – das parcerias noturnas quando éramos infinitos. Escrevo para falar de nós dois, mas sem nos querer ou aniquilar.
Apenas lembrando enquanto escrevo. Desenhando os passos dados,
tornado distante o desejo e presente a saudade. Transcrevo importâncias mínimas
como tua palma tentando fazer nascer um adeus. Depois de tudo. Depois dos
gritos e da vergonha. Tento contar as tuas risadas no tempo em que
quebra-cabeças e gerânios eram igualmente montados e cultivados como fossem
naturais entre tantas coisas artificiais que nos rondavam.
Fazíamos mapas, lembra?
Coletâneas de música em fitas cassete como mais antigamente que nós, fazíamos as orações ao pé da cama imaginando encontrar pessoas boas para nos dar um abraço, acalentar e fazer dormir bem. Por isso eu escrevo também. Para dizer que eu mesmo abandonei a ideia antes do fim. Não por maldade, preguiça ou coisas assim, mas pela vida evocativa das coisas que escrevo.
Essa pulsação que me compele ao fim do mundo. Ao fim de todas as coisas que busquei. Esse defeito íntimo que me enferruja aos poucos e deixa sem saída. Enquanto escrevo essas linhas sobre nosso passado, passo adiante minha história e ao mesmo tempo em que termino as coisas que acabaram definitivamente, componho amanhãs.
E desejo que tudo ocorra de novo. Sempre buscando.
Algumas vezes acontece de não haver perdão, mas estou pronto para viver com isso. O que não suporto, o que realmente tem tirado meu sono e feito as fotografias serem mais afiadas que de costume é isso: não poder sequer te dar um bom dia! Não posso e acho que jamais poderei passar por ti e oferecer um café, pois talvez seja deselegante ou muito ousado. Ou, talvez, porque as coisas que nos fizeram abandonar as mãos um do outro sejam definitivas. Como um tempo passado e o perdão que sou incapaz de pedir.
Sinceramente,
J.Mattos
4 comentários:
Como estava com saudades dos teus textos!
Aos poucos retomando a produção Isoldíssima... Venha sempre... e traga mais gente rsrsrs
Rupturas e permanências. Desejo de ajuntamento. Saudades, meu amigo.
M. Nogueira
Meu querido amigo. Testemunha ocupa de tantas idas e vindas. Saudades também.
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