sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A very strange and enchanted boy

Venha e force-me a ver o que não via, a vida em mim, nas coisas ao redor, nas pessoas que amei. Chegue e tome para si a mistura das coisas, meus sapatos, meus passos, a terça parte de minha melancolia. Havia tempos não escrevia. Assim, tão desavisado. O mundo me percorre novamente. Sem suas químicas e truques. Apenas o mais puro sentimento de morte e vida, pouca alegria, um sorriso esforçado, entrementes. Estou aqui neste ponto. Onde todas as minhas forças se refazem. Às portas do fim daqueles dias de insanidade desmedida. Ando pelas beiras. Agora contido pelo enfermo que sempre residiu em mim. Eu mesmo. Pura carne e selvageria. Um menino de natureza doce, mas que tomou café com o diabo. E viveu pra contar. Sem especiarias, admoestações, coisas que culminem em uma morte propriamente dita. Apenas esse recesso de vez em quando. Essa ausência do dia-a-dia virulento desta cidade. De todas as cidades, pelo mundo todo. Esses dias em que escrever é a única estrada para sangrar sem morrer e sem uma vermelhidão que seja real e palpável. Esse dia como hoje em que sinto falta de tanta gente. Uns mortos porque viviam. Outros porque matei. E outros ainda porque esqueceram o viver em si. Não há pena nem saudade. Mas, como disse, falta. Esse gabarito, como assim dizer, das coisas que me edificam e mantêm. Tão encantado. Tenho apenas vontade de deitar no colo do meu amor. E chorar. Por tudo e por nada. Cheio de coisas que por não me caberem, transbordam encharcando a pele do rosto. Salgando as extremidades do meu sorriso. J.M.N.
 
Para ler escutando...
 

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