quinta-feira, 16 de outubro de 2014
Ao coração entre aspas
Suspensão, arremedo. As coisas andam sem andar. Sinto o que
bate dentro do peito. Ontem, ontem, ontem. Meu sangue sobreveio dentro da
lágrima. Caindo, incompetente de te esquentar. Minha circulação redunda nula, sem
nutrientes e as noites desenterram antigos medos. Sou eu quem quer; sou eu quem
parte; sou eu quem fica sem ninguém. E na agonia de entre o sonho e os lençóis
a lembrança endereçada de antigamente: vejo a torre, o silêncio dos outros, as
mãos que salientam nossa intimidade. Pergunto as perguntas frequentes: por que me
perdi? Por que me perdeste? As respostas não são tão amplas, sorrateiras.
Brincadeiras de um destino de terracota. Sal e tempo. Pois quando já está
chegando a manhãzinha, relembro – o estado de espera se confirma, estou ocupado
em conhecer meus limites, andando encurvado sobre mim mesmo. Amor, amor quando
eu tive? E mais perguntas evisceram. Ontem, ontem, ontem. O bater de dentro
emite saudades. J.M.N.
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