Se parti foi para estar mais comigo. E ver o Oceano que me primeiro me banhou por seu revés. A porta de trás daquele momento em que eu não resistia a mim mesmo e, soluçando de amor e condescendência, me perdia dentro dos meus senões, perdia-me. Por lá a voz em cordas doidas se soltou. Cantiga de sangue e roda. Várias voltas em meu coração de soldado e saudade. Preso sem ferro, mas no linho com cetim da memória. A pequena que pisava nos meus astros e naqueles dias queria mais o Mediterrâneo, era perpétua, depois eu soube. Mas quando vi o negro da noite aberta. Infestado pelas luzes da descoberta e o poema – teso e preso a Pessoa e Herculano – chorando valsas tristes que me redimiam. Saltei. Saltei com os braços do Cristo. Crucificado à vida, como qualquer ser mortal. E de lá, daquele abismo espantoso do meu sonho e do que passei a poder, continuo caindo. Caindo sem ter nada que segurar. Em pleno voo é que escarneço meu desespero e afago meus medos, sem ter chances de voltar. J.M.N.
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