Sobre todas as coisas eu te amo.
Mesmo sem o brim que não compraste para minhas calças ou a proximidade da gripe
que te afastou dos meus beijos. Te amo da mesma maneira perplexa com a qual
descobri teus anos de aventura, de direito pessoal e intransferível sobre tuas
decisões estúpidas e sobre o acerto de contas com tua família. Acordei hoje com
vontade de dizer isso. Com gosto por relatar as coisas que, mesmo antiquadas ou
prematuras, iminentes ou deixadas de lado, me fazem te adorar ao ponto de esquecer
minha culpa neste amor de comprimento euclidiano. Mesmo sem o gato que me faria
espirrar e o canário que atrapalharia teu sono eu te amo. Amor de sal e benção,
mesmo que eu não creia. Dos doces com castanha de tua mãe e da presença dela
engolindo nosso sossego no domingo. Por sobre todas as guerras, todos os noticiários
de crianças perdidas que te fazem ir à igreja pedir por cada qual, eu tenho que
dizer que te amo. Tenho que dizer que espero e esperarei sempre a tua chegada.
Esperarei tua calma de antes do sono e tua ferocidade sobre eu ter esquecido de
usar a aliança. Sobre todas as incertezas que ainda tenho sobre como seguir
vivendo, eu te amo. E não tem rito ou crime que me façam desistir. Não há
pessoa no espelho que me force a calar o que digo. Pois, se mesmo tão diagonais
ou oblíquas nossas esperas se encontraram, quem sou eu para negar esse acaso
fabricado tão naturalmente. J.M.N.
Um comentário:
MARAVILHOSO. COMO FABRICAR NATURALMENTE UM AMOR DESSES????
ENSINA-ME....
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