Esse é o título do último romance do autor angolano José Eduardo Agualusa. O livro retrata as reivenções necessárias nas vidas de uma cidade sendo devorada pela guerra – no caso, Luanda. Ludo, a protagonista, sobrevive no seu auto-exílio numa mansão no meio da guerra, emparedada e se alimentando da carne de pombos e os restos dos tempos de fartura. Se aquece em fogueiras de livros e móveis. Mantem a sanidade com a companhia do cachorro Fantasma, e escrevendo. Primeiro em papéis e, quando estes acabam, nas paredes da mansão. Agualusa pediu à poeta brasileira Christiana Nóva que se vestisse de Ludo e escreve alguns poemas pra servir de epígrafe de alguns capítulos. Nóvoa concebeu os poemas “Haikai” e “Exorcismo”. Este último reproduzo aqui, pra quem ainda não entendeu, entenda que a escrita não é hobbie, é bote, é abrigo e trincheira. wdc
lavro versos
curtos
como orações
palavras são legiões
de demônios
expulsos
cortos advérbios
pronomes
poupo os pulsos.
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