Ando todo sensível.
Durmo quem nem por sobre um monte de plástico-bolha. O estalar crescendo, micro batalhas atestam-me a vida. Bolhas de ar extinguindo. Somos eu e minha ansiedade adormecendo.
Distante, o crepitar dum fogo. Lareira que dentro de casa acende o teu rosto. Venho atônito. Descambando. Tivesse escadas em nossa casa, eu teria caído. Tivesse a memória bem feita, diria meu primeiro poema como se fosse teu, que te espero uma vida e meia, inteirinhas.
Disseram que eu viesse aqui, sempre ao papel.
Confessar.
Fosse um padre, não falava.
Fosse meu pai, teria vergonha.
Fosse você, teria perigo para minha estadia. Podia afinar feito um líquido, indo seguir uma grota qualquer dentro da terra.
De tão urgente de ti, sou medroso.
De tão cheio de intento, meu tato sacode as palavras.
Elas se criam.
Comidinhas de nervoso e impressão belíssima sobre o que mais me agasalha – teu olhar me amando baixo e firme.
Não sou desse tipo que se renova.
E ao ficar mais velho, aprimoro o único sentido que me faz bem, o olfato. Com ele tuas distâncias se encurtam, os dias sem a tua presença se expandem e eu acrescento mil descrições sobre a perfeição de quando estás.
Faz-me uma certeza que seja. Morde meus livros, bagunça as fotos, termina minhas frases de despedida.
Faz isso para que eu supere a sensação desgastante de desejar ilusões. Para que não avoem as sementes envoltas de algodão – amor e medo. Fuga e fingimento.
Não que eu queira te dar todo o trabalho, mas experimenta levar um quarto do que trago nos olhos e entenderás.
Sempre que te vejo, são cem desertos que percorro, são mil as liras que me acompanham, são milhões os raios que me alertam e apenas uma a razão.
Vê o quanto o amor tem de companhia e a verdade ou os dias, têm tão poucas defesas contra sua chegada.
J.Mattos
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