É perigoso dizer teu nome. Já não escutas quando te chamo. Esse fosso, entre a súplica e tua identidade não me traz de volta. Vou declinando.
A existência sem tua voz é uma farsa. O que reconhecias de mim anda nas bocas. No lixo daquele lugar amistoso, porém falso que éramos nós. Um do outro, a ilha obscura da fatalidade.
Outra distância se me encurta. Meu passo a passo dado a nordeste. A fuga é como toda noite em que nos tínhamos – um fogo vermelho, incandescente, a supressão das vontades. Terminávamos nada, porque nada começamos.
Uma das coisas que ainda conto se trata em livros, amor de antes, outros tantos deuses. Nosso sagrado – corpo e sangue – a ternura indisponível aos que se seguiram apenas humanos. Eram pouco demais entre nossos prantos. Eram demais no apelo por nossas culpas.
Não as sentimos, esse é nosso trunfo. Será nossa morte, mas pouco importa. Se a manhã cumprir a promessa de se deitar sempre em nossas bocas, calaremos. Seremos nada. Verbos nulos. Seremos sempre mais próximos.
Logo, logo nos chega a hora. J.M.N.
Para ler escutando…
2 comentários:
lindo, avassalador.
Vivo, desejo, sofro, isolo, sonho, desperto, espero, sigo, em frente, inventando, calando, combatendo, falseando.
Diante da nulidade persisto.
Busco tudo.
Sentir. Esquartejar a alma. Aniquilar-se.
Perco o fôlego.
Paro.
Retomo ajustado a vida alheia.
O que faço de mim????
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