Imaginar-me morto dentro dos sonhos de alguém, deixado no mirante de um farol qualquer no fim do mundo. Ir dando vez a um fantasma que me alucinava havia 17 anos, fantasma meu, que me deixou claro, fugiu de vez daquilo que ainda eu tinha dele em minhas incertezas. Agora sou mais honesto, enfim. E posso desejar voltar por meus próprios passos, mesmo que isso cause furor nos demais. O temer nascente de uma palavra dura e inventada, pelas mãos de outra pessoa – quem nunca soube o significado do perdão, da não interferência, de outra forma de ser sem sentir-se deus absoluto de todos ao redor – não servirá de ferrão mortal. Não fará arder num fogo reles o que levei tanto tempo para crer e sentir. Hoje, finalmente, ouvi com minhas próprias possibilidades sensitivas, com minha pele toda horrenda de abandono que estou só e só deverei atinar para o que fazer diante do tempo, diante do filho, diante de quem mais for. Se não tenho palavras mais que usar para fazer sentido, que sejam estas que ora me vem, a dar-me calor, sustento e participarem de vez da última casa que construirei, em cujas paredes atarei minhas redes, em cujos corredores viverei os restantes dias de minha vida, em cujos pilares soldarei meu ser ao ser da Terra. Seguindo certo para o despertar da solidão adquirida e feito um homem livre, para usar da razão apenas quando for possível. J.M.N.
Trilha sonora…
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