Chuva é de ficar.
Suspender-se de obrigações,
De comprar o pão, a quarta de café.
Chuva de mãe chamar pra despiolhar o cabelão.
Passar o pente e contar histórias,
Tirar os bichinhos da cabeça e
Enche-la de desatinos -
O poeta e seus começos.
Chuva de sentir aquela tristeza delgada,
O olhar comprido
Pros irmãos breados de distâncias,
Pro pai vestindo seu silêncio mais verde.
Chuva que embarca uma moleza no coração da tarde.
A coragem única vem dos cupins que criaram asas,
Dos amigos em poças surgidos.
Chuva de doer macio,
Que até as horas se ajeitam no calorzinho do ponteiro,
Que até o coração se agasalha na saudade. WDC
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