Chega de temer, tremer ou acorrer-se em químicas
Chega do fino pó que em sapatos se agarra quando muito se espera
Chega de estar atônito diante do espetáculo, ancorado e submisso pela goela que não se esforça
Engolir a gente aprende com pedras
Chega de vasar em páginas apenas, apenas em prantos, sem correção ou tentativa
Chega desse sono duradouro e célebre de entidades mortas que eu amava
A prudência rasgou fora as fotografias, emudeceu os prováveis K-7 onde anuências ou medos foram gravados
Chega da multidão que espera
Chega da multitude de espantos e ocasiões impecáveis
Chega de assinar o mesmo nome
Coríntios aos que têm fé e assustam-se facilmente
Meus versos são do Irã, são Palestinos, Austro-Prussianos, como ninguém mais quer saber ou tem medo de admitir que existem
Chega do amor imprestável dos anos mofando e que entre as galáxias esperou justamente a que não tinha vida para florir
Chega dos módicos furtos
Chega da lástima em socorrer que partiu, de ventilar pulmões que secaram
Esta chuva que eletrifica
A pele que saca e renova
A rosa que mesmo aos espinhos convence de descansar
A isso me dou
Chega de andar fazendo economias
Chega do pote de certezas que pagaria minha passagem ao lado de lá.
J.M.N.
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