no 18 de maio, para os trabalhadores de saúde mental
Eu tenho uma pedra atravessada no peito. A pequena rocha me irmana com os índios que fizeram Potossí sangrar prata durante mais de um século. Quem me conhece pouco acredita piamente que a minha figura resume-se a este corpo esquálido e essas roupas noturnosas. Dizem que não tenho mais avessos. Que a pedra me chupou os interiores. Que a pedra me tomou a forma do rosto e que virou meu sobrenome e lugar. Acham que quem está no meio do caminho é a pedra e não eu. Que ela acabou com o amor e extraiu algo vital que morava no meu olhar. Para o bem de si mesmos não adivinham em minhas entranhas as suas próprias devoções. Desembaralham-se dos pecados ofertando-me seus préstimos, sua moral e acima de tudo seu perdão. Mas a minha residência final será sempre o esquecimento, pois sou sumo restado dos ódios, soma de planos fracassados, poeira de traições amorosas. Querem saber o que quero hoje? Dinheiro, e um pouco de silêncio onde eu possa matar a saudade da minha própria voz. WDC
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