Sou grato à brutalidade desta escrita
por me deixar preso ao nó da gravata,
bordejado entre o enforcamento e o sustento.
Se não me mato ou surto
é porque assumo esse desatino de entranhas,
a estranha ostra do avesso que se consome e se engendra.
Se perco tempo em demasia
a procurar todos os sentidos da palavra caco,
é pra que num mosaico se organize
o que não é mais inteiriço
desde que partistes.
No mastigar sempiterno
destas palavras de ontem,
reconheço as mãos que levantam os esteios
[das manhãs de segunda-feira,
são as mesmas que afundam os dedos
nos pêlos tensos de um lobo insone.
WDC
4 comentários:
Não sei mais trabalhar sem o blog de vocês aberto numa janelhinha ao lado das minhas planilhas.
Estas Palavras de Ontem são sensacionais.
Abraços,
Bruno Nelson
Bruno,
Escrita é remédio. Além de conter nossos estremecimentos, ainda nos aproxima de pessoas amigas como você.
Obrigado
Irmão,
O poema é maravilhoso. Há anos venho pedindo para que retomes essa linha. Sei, apesar disso, que não é simplesmente atender a um pedido. Sei que há etapas entre estas linhas e muitas noites mal dormidas e muitos telefonemas angustiados. Mas o que vejo de melhor é essa fome que nos une. Essa brutalidade delicada que nos conforma e tira do prumo. Sem o quê, a vida não passaria de um acúmulo de dias.
Claro que gostei.
J.Mattos
POis é, seus feiosos, depois de muito tentar, tentar, tentar, consegui abrir a página. De madrugada. Mas valeu a pena. Pena que agora tenho que ler outra coisa bem menos interessante, kkkk.
beijo IMENSO!
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