sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Linha do rio

Tua linha riscada n’água
Ano a ano, terço a terço
Maré acima, maré abaixo
Aponta os caminhos líquidos
Nos quais te percorro
Vou e volto insistente
Límpido como me permites
Com teu amor doce,
De rio e cores

Úmido trajeto
Contra tudo o que aprendi
Apreendo-me
Em teus dedos sãos
Simples como todo teu interior
Enquanto o mundo explode
Em meus anagramas
Miríades e sonetos
Ofertas-me o pão feito
Pelas mesmas mãos que temo
Entretanto desejo

São mãos criadoras
Cheias de tempo, sal e piedade
Não as suporto sozinho
Dragão fugido que me enfrenta
E revogas meus medos
Estendendo os condões
Tornando o mel de tuas águas
Minhas ruas, minhas rotas
Eixos de um novo domínio
Ao qual, simplesmente,
Pertenço

Teu rio é minha última esperança
Leve-me

J.M.N.

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