E agora eu não posso mais falar de nós. Não posso sequer te desejar desventuras ou citar maldades com teu nome finalizando todas as frases ruins que vêm à cabeça. Agora (e para sempre?) não posso te dizer o quanto me fizeste rir, mesmo em meio ao dolo, ao assassínio de nossa história. Porque, afinal, nada que perambulou demais em todas as minhas camadas pode sumir assim. Até quando resisto? Foi tão pior? E tenho de esconder todas as imensidões que me dispensaste. Todas as noites velando meu sono e cuidando da imagem de minha família por toda a vizinhança. Não posso lembrar Belém e o mar de Pessoa. Dos Jerônimos e dos pastéis com açúcar e canela. Nossa vida doce, mesmo que passada, que fica finíssima quando agora tenho que engoli-la a cada segundo de não poder dizer que existes, que existimos. Dizer que virá um dia ou uma noite de arrebentação e talvez, num grito ou numa mera loucura compulsiva, venhas transbordante, existir completamente e invisível num choro meu, numa pintura impressionista que eu tente ou, na pior das hipóteses, numa lágrima que ainda tenho presa desde a última vez em que te vi. J.M.N.
Pergunta de Ontem: o que fazer com as memórias secretas que não somem jamais?
8 comentários:
Caramba!!! essa vou deixar para depois. Tá muito tarde para uma dessas rsrsrs.
Juliana.
Incorporá-las para depois sublimá-las. Difícil? Impossível para mim. Minhas memórias secretas são tão eu, tão minhas que penso que se as esquecesse, sentiria falta de algo. É, necessito de uma dose de melancolia.
Pergunta difícil essa...
Poderia ir ao consultório do Dr. Howard Mierzwiac e pedir para apagar tudo...rs
comê-las de café da manhã.
Juli.
Me escondo para vivê-las secretamente. Mas apenas por uns instantes.
Melissa
Deixar imóvel, pq se sumirem terei a certeza que as memórias deram lugar a demência!
Deixá-las existirem em seus breves momentos... E guardá-las novamente... Afinal são secretas, né?! Algumas, talvez, um dia serão reveladas e passarão por transformações... Mas, o fato é que aquelas que nos são caras e ternas, que nos servem de travesseiro fofo, cheiroso (por vezes de um odor quase insuportável) e aconchegante, essas sempre serão vívidas em nós, em nosso segredo... É a matéria da qual sabemos ser feitos e que nem o outro presente nestas imagina quão necessário e elemental ele foi, é e continuará sendo... Em nós...
Lembrar, esquecer, ocultar o que incomoda, alterar lembranças. O olhar do presente retroage sempre sobre o passado que examina. Ninguém está imune a mentira de si mesmo.
Permiti-las na solidão!
Chupá-las... absorvê-las... comê-las e lamber os dedos depois. Ficar imunda com essas coisas. A vida passa e passa rápido não há porque evitar.
J.
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