Já me tive mais do que agora
Que sei o que quero
Que tenho metas de vida
Já fui criança em cima de nuvem
Sem chuva alguma
Agora, pavor de me molhar e pneumonia
Já brinquei que morria em todo amor
E quando o amor me tinha, renascia
Era tal meu desentendimento que eu me mantive intacto por um tempo
Mas veio a gramática e o contra-cheque
E tudo o que eu sorvia, virou limbo
Quando eu resolvi dar certo
Não digo que o poema me abandonou
Mas me deixou comprido e difícil de rimar
Agora de pouco em pouco eu cismo novamente
E se não é sobre amor, falo da revista que ainda insiste em trazer notícia feita de carne e osso
Falo do sol triste das manhãs chuvosas
E, vez por outra, me sacrifico
Morro assim, um tantinho
Só pra não dar certo de novo
Pra fazer poesia e continuar vivo